quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

RESENHANDO: EP Engrenagem - Sbórnia Social

Engrenagem é o primeiro registro da banda de Hardcore soteropolitana, Sbórnia Social. O EP conta com sete músicas, além de uma faixa introdutória. O trio formado por Rafael Medeiros (guitarra e voz), Marília Melo (baixo) e Lenon Reis (bateria e voz), apresenta um som rápido, bem executado e sem firulas. Em alguns momentos chegam a flertar com outros estilos como o Grindcore e o Crossover, além de sons incidentais irônicos como o Samba. Desde a mudança que incluiu o nome (antes, Alienados do Subúrbio) e a presença de Marília, a Sbórnia Social vem propondo enxertos musicais que vão além da música Punk. As letras abordam o cotidiano, e são direcionadas para o cunho social, cultural e críticas ao comportamento humano. Destacam-se no EP Engrenagem, as músicas: Cultura de Massa, Trabalhadores Oprimidos e Monopólio - essa última com um ótimo refrão. Vale o destaque também para a arte da capa: Uma engrenagem mecânica e um indivíduo enforcado pela mesma - bela analogia com o sistema capitalista. No fim da audição do EP fica aquele gostinho de quero mais, que pode ser saciado nos diversos sons que a banda vem fazendo pela cidade. Pra quem curte Hardcore brasileiro tipo: Ratos de Porão, DFC, Ataque Periférico e Mukeka di Rato, Engrenagem é uma boa pedida.


Baixe na Sessão do Descarrego - Sbórnia Social - Engrenagem

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

IMPRESSÕES SOBRE: Antes do Fim do Mundo

Antes do Fim do Mundo / Foto: Lenon Reis
Segundo a cultura Maia, o mundo tem o seus dias contados até o próximo dia 21. Verdade ou não, a galera da Cidade Baixa resolveu antecipar as despedidas com a realização do som intitulado: Antes do Fim do Mundo. Anti-show estilo intervenção urbana, às margens da rua principal do Caminho de Areia. Do tipo, a galera passando nos carros e buzus sem entender o que se passava por ali.

A primeira atração da tarde, a KALMIA, chegou sem pedir licença nem desejar boa tarde pra ninguém. A falta de cerimônia talvez se justifique pela essência old school do trio, com sonoridade marcada pela levada D-beat e Thrash dos anos oitenta. Trata-se de uma banda nova, mas que possui em sua linha de frente o vocalista e guitarrista Diogo (Pingo), velho conhecido na cena punk de SSA. Covers de Anti-Cimex, Sodom, Armagedom e uma banda finlandesa daquelas que entender o nome depois de algumas cervejas é foda. Destaque para a música “Redes Sociais”, que rendeu comentário de um ‘engraçadinho’ no microfone: “Curtimos a canção, obrigado por compartilhar com a gente”, ironizou. Gostei muito do som.

Em seguida, outra pedrada hardcore. A SBÓRNIA SOCIAL assumiu a aparelhagem com a velocidade habitual, e quando muitos dos presentes foram se situar os jovens já estavam na terceira música. O repertório ficou meio espremido por conta dos atrasos no início do som, e por isso, as bandas tiveram de fazer adequações. Passaram as músicas do EP recém-lançado, o Engrenagem, mais algumas, e covers matadores que tiraram a galera do estado letárgico. Bonito ver a galera dividindo o microfone pra cantar junto sons clássicos como Botas, Fuzis e Capacetes, do Olho Seco.

Kalmia / Foto: Lenon Reis
Interessante ver que alguns personagens de uma geração anterior não sucumbiram aos apelos da vida comum. É a impressão que sentimos quando temos a possibilidade de ver a apresentação de bandas como a TEDIUM VITAE. Banda das antigas, que teve várias formações, mas que agora se resume a uma dupla. Punk Rock clássico de Salvador, com toques de Distúrbio e Revolução Proletária. O Punk Rock não morreu.

A UNKILLED é uma banda nova, formado por pessoas novas, fazendo um som velho - mas em evidência. O grupo segue a linha Thrash / Crossover, e obedece bem a cartilha do estilo. Gostaria de destacar a performance elétrica do jovem baterista e os riffs trhasheiros do guitar. No entanto, os jovens precisam investir um pouco mais nos ensaios para não se perderem no meio das músicas e letras. No mais, a Unkilled é uma banda promissora.

Encontro de gerações / Foto: Lenon Reis
Já era noite e os rumores indicavam para a não participação da GREDLOCKLOCORE no som. Isso, porque o baterista da banda não deu as caras. Em cima da hora conseguiram improvisar um batera (Pingo), e a partir de negociação com os donos do espaço, conseguiram tempo para tocar cinco músicas. A Gredlock é uma das sobras dos anos 90, e particularmente, a postura politicamente incorreta do grupo me agrada. A musicalidade tem algo que me lembra a finada Bosta Rala, só que sem os grinds. Som punk sujo, rasteiro, com uma base tosca convidando pra pogar na maciota. O vocalista Bujão é um capítulo a parte; figura mesmo.

O som terminou lá pelas 19h, e o único fator que poderia ser repensado é quanto à localização, tão próxima a uma via de grande circulação. Teve um carinha que deu altos sustos na galera por conta de seu estado etílico, ao bambear rente aos carros. Pra ele sim, o mundo quase acaba. Fora isso, foi lindo ver o rock interferindo na normalidade de um domingo à tarde.