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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

DEVER DE CASA: Luciano Robô (Banda Confusão)

Luciano Robô interpretando "Carcará"
Em meados dos anos 80, ao se enveredar pelas ondas do surf, aquele jovem exibindo suas astúcias sobre as ondas ouviu o seguinte comentário de um amigo: "Porra, parece um Robô!".  Daí em diante, a interessante comparação incorporou-se ao seu nome com a mesma intensidade que ele tinha para respirar cultura e contra-cultura.

O soteropolitano Luciano Robô, 39 anos, vocalista da banda Confusão, é figura carimbada das movimentações culturais do bairro de São Caetano (ou Sanka, como chama carinhosamente), e com muita veracidade promove uma bela fusão de música, teatro e poesia. O Ecos da Periferia teve o prazer de fazer um Dever de Casa com esse "boa praça" da alternatividade local.

ECOS DA PERIFERIA - Robô, você teve participação no movimento Punk de Salvador nos anos 80/90, fale um pouco sobre essa época?

Luciano Robô - Nesse período eu tive uma banda (Combatentes), e participava das reuniões e dos manifestos punks. O punk pra mim foi, e é até hoje, como uma escola que me fez pensar, gostar de leitura e ter uma visão crítica. E todos nós éramos como irmãos, tenho amigos (irmãos) daquela época até hoje e já se passaram 20 e poucos anos!

E.D.P - Quando e como surgiu a ideia de formar a banda Confusão? 

L.R. - Bem, em minhas andanças fui parar no sertão da Bahia, em Paulo Afonso. La estudei teatro, fiz parte de um movimento por nome “New Cangaço Cult” e trabalhei como Palhaço. Nesse período conheci Cris Punk. Começamos a discutir idéias sobre a cultura nordestina, conheci também o Júlio e Roger. Os caras tinham uma empresa de publicidade (Rush), onde eu passei a morar com os caras na própria empresa. Um dia o Júlio me apresentou um disco com a trilha sonora do filme “Deus e o Diabo na terra do sol”, de Glauber Rocha. Fiquei fissurado. Daí surgiu a idéia de montar uma banda com temas nordestinos. Começamos a fazer pesquisas sobre o cangaço e ficamos empolgados, por ver que apesar das atrocidades, existiam no meio: poetas, alfaiates, músicos e muito mais. Começamos a fazer letras com temas atuais na linguagem do cangaço. O nome da banda ou bando era Batida Seca. Gravamos um CD Demo com 04 músicas e fizemos 2 clipes que hoje podem ser encontrados no You Tube. Mas infelizmente, tive que ir embora da cidade e o bando acabou. Alguns anos depois voltei para Salvador, chegando aqui comecei a fazer parte de uma ONG. Ia rolar uma palestra e sugeri a uns amigos (Bob, Dum e Moska), para a gente fazer uma apresentação musical com performance teatral com 3 músicas. Depois fizemos alguns ensaios, mas não fizemos mais nenhuma apresentação, abortamos o projeto, o nome era Bardiei. Conheci Dudu, depois Xuxa e Niel (ambos irmãos de Dudu), os caras tinham umas letras interessantes. Filhos de pai cantador e tocador de Chula, conheceram de perto o serviço da roça e toda cultura do interior baiano (cidade de Mundo Novo), apesar de também gostarem de rock 'and' roll . Nos unimos e formamos a Confusão, que é um resultado de toda essa transição. Hoje temos o mascote da banda que é o Rafael Luz, que é um guitarrista monstruoso no bom sentido, que praticamente nos dirige. Pela Confusão já passaram algumas pessoas as quais devemos o resultado de hoje como: Rato, Dedé, Juninho e Dibule.  
     
E.D.P. - A Confusão está divulgando CD, lançado há pouco tempo. O resultado do trabalho foi o esperado? E como está sendo a recepção por parte do público?

L.R. - Sim, o resultado foi o esperado. Está sendo bem legal, até quem não gosta do estilo está elogiando.

Banda Confusão
E.D.P. - Quem compõe a banda? E musicalmente, de onde vieram?

L.R. - Luciano Robô (do punk rock), Niel (do rock and roll e da música regional), Xuxa (do rock and roll e da musica regional), Rafael Luz (do rock and roll e da MPB), Bob (do punk rock).

E.D.P. - Quais são as influências da banda Confusão?

L.R. - Tom Zé, Antônio Nóbrega, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Punk rock, cantadores e tocadores do sertão e a música universal.

E.D.P. - São Caetano tem com um movimento cultural muito interessante. A que se deve essa inquietação das pessoas daí?

L.R. - Os artistas aqui, em São Caetano, fazem arte por amor. Temos poucos recursos, quase nenhum, ou aliás nenhum. Tiramos do nosso próprio bolso. E fazemos isso porque é isso que nos mantêm vivos. Criei aqui em São Caetano o Musiarte, projeto onde mesclamos todas as vertentes das artes, no bar de Tia Dedé, durante mais de três anos, trouxemos até banda internacional para tocar no Musiarte (Amordazados, da Venezuela). Além do Musiarte; temos o Café Atelier Jc Barreto de um artista plástico que sede o atelier para shows e funciona também como bar. Temos também o espaço Gangara onde rolam eventos, quem organiza os eventos é o Biginga (vocalista e guitarrista da banda H-DRIX).

E.D.P. - O que você acha da atual cena de música alternativa de Salvador?

L.R. - Acho que têm muita coisa interessante e outras infelizmente tocando muito, mas fazendo mêsmice.

E.D.P. - Agradeço sua participação nesse derradeiro Dever de Casa de 2011. Gostaria de deixar alguma mensagem final?

L.R. - “FAÇA VOCÊ MESMO!”


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E-mail: bandaconfusao@hotmail.com